Conteúdo / Atalhos:
- Qual é a origem da Maison Ruinart?
- Qual é a história da Maison Ruinart?
- As cavas da Maison Ruinart
- Atualmente quem é o proprietário?
- Como podemos visitar este famoso local?
- Vamos conferir o interior da Maison Ruinart?
- Como reservar um almoço ou jantar?
- Qual é o perfil e o processo de produção da empresa?
- Quais são os melhores champanhes Ruinart?
- 1. Ruinart de Ruinart
- 2. Ruinart Rosé
- 3. Blanc de Blancs
- 4. Dom Ruinart Blanc de Blancs
- Conclusão
Imagine você poder conhecer toda a história por trás daquele champanhe que você tanto gosta, uma maravílha, né? Melhor ainda, que tal saber como a sua bebida preferida é produzida. Seria o máximo, certo?
Falando em passeios, nosso foco será na visitação proporcionada pela Maison Ruinart e você, como um bom apreciador de Champagne, já deve saber que a companhia é uma das mais importantes quando falamos desse tipo de bebida.
Aliás, ela não só é uma das melhores do ramo, como também contribuiu para a história do champanhe.
Então, se você estiver por Reims, separe um tempo para conhecer a Maison Ruinart. Abaixo te contamos o porquê você deve fazer uma visita à vinícola.
Qual é a origem da Maison Ruinart?
A origem da Maison Ruinart é muito parecida com a criação da maioria das empresas: para atender uma necessidade do mercado.
Com o sucesso da produção de vinhos em Reims, o monge beneditino Dom Thierry Ruinart, na época empresário no ramo têxtil, decidiu investir no setor pensando no futuro.
Após a liberação do armazenamento de bebidas em garrafas, em 1729, Nicolas Ruinart, sobrinho de Thierry, viu a oportunidade de criar um negócio para atender essa demanda. Assumindo o negócio do tio, logo Nicolas abandonou de vez o ramo têxtil e investiu todo o dinheiro da família no setor de vinhos.
Pouco tempo depois ele se tornou o primeiro empresário a transportar champanhe, que na época só era transportado e vendido em barris, coisa que encarecia a bebida e por isso está só era consumida pela realeza – que tinha dinheiro para pagar esse tipo de transporte.
Inicialmente, as primeiras garrafas eram uma forma de presente para os compradores de tecido, e estes eram distribuídos pelo irmão de Dom Ruinart, que era um comerciante do ramo têxtil.
Qual é a história da Maison Ruinart?
Acredite se quiser, mas ela foi a primeira marca a vender champanhe!
Em 1729, o rei Luís 14 liberou o armazenamento de bebidas em garrafas e foi aí que o comerciante Nicolas Ruinart viu uma bela oportunidade e criou a Maison Ruinart, a primeira empresa a vender champanhe em garrafas. Nessa época a região de Champagne sequer tinha sido demarcada.
Porém, mesmo tirando a ideia do papel, as primeiras garrafas não foram exatamente vendidas. Ao invés disso, o empresário decidiu dar estas unidades para seus melhores clientes e assim aproveitando para ganhar atenção e elogios a seu novo produto.
E Nicolas não parou por aí. Já no século XVIII, ao perceber que ele estava em uma região com muitos túneis subterrâneos e grutas – crayères -, ele decidiu usar isso ao seu favor, fazendo destes locais uma espécie de adega natural para envelhecer as suas garrafas de champanhe. Isso fez a companhia ser a primeira a usar cavas para armazenar bebidas.
Apesar de anos depois várias marcas terem se instalado em Reims, a Maison Ruinart saiu na frente por ter sido a primeira a chegar na região.
Por conta disso, ela não só garantiu um grande número de crayères, 24 de 100, como também ficou com as mais profundas, com cerca de quarenta metros de profundidade. Eis aí o motivo pela vinícola ter uma importância relevante na história do champanhe.
Outro marco conquistado pela Maison Ruinart é o fato da empresa ter sido a primeira a produzir o estilo rosé, e existem documentos que comprovam esse feito.
Segundo os livros de contabilidade da casa, em 1764, a Maison vendeu 120 garrafas de vinhos, sendo que 60 delas tinham o chamado Oeil de Perdix, uma bebida de cor rosada.
Acredita-se que a bebida tenha sido produzida com a adição das cores advindas do sabugueiro, que deu ao líquido o tom rosa que conhecemos hoje que, aliás, estava em alta na época.
Este primeiro carregamento foi enviado para o Duque de Mecklembourg-Strelitz, da Alemanha.
Atualmente, o rosé da Maison Ruinart leva vinho branco e tinto, um método usado desde o século XIX. A casta mais comum para a produção da bebida é a uva Chardonnay, que é cultivada em Montagne de Reims, além de Pinot Noir.
As cavas da Maison Ruinart
Não podemos negar que um dos pontos que mais chama atenção são as cavas da Maison Ruinart, o coração da casa.
Como dito, a empresa acabou ficando com um grande número de cavas por ter chegado primeiro em Reims. Quem não conhece o local pode facilmente se perder nestes túneis que se estendem por mais de 8 quilômetros debaixo da terra.
Com cerca de 38 metros de profundidade, milhares de garrafas de champanhe descansam entre três a doze anos até serem vendidas e consumidas.
E apesar de ser o lugar perfeito para esse processo e ser parte importante da história da Maison, o local não foi construído com esse propósito.
Cerca de dois mil anos atrás, essas regiões começaram a ser exploradas como fonte de calcário, que era usado na construção de Reims.
Conforme esses túneis eram cavados mais fundo, mais perigoso era permanecer neste ambiente. Por conta disso, os exploradores abandonavam o local e iam para o point seguinte.
Em 1768, o filho do fundador da Maison, Claude Ruinart teve a ideia de comprar essas galerias subterrâneas para armazenar as bebidas.
O local era perfeito para proteger o champanhe da vibração e da luz do sol, além de manter uma temperatura constante entre 10 e 11 graus.
Inclusive, é por conta desse clima que durante a visitação as cavas os visitantes recebem um cobertor.
Por volta da Primeira Guerra Mundial, as partes mais fundas dos túneis eram usados como abrigo contra as bombas. Já durante os anos 50 e 60, o local se tornou uma espécie de salão de festas que era frequentado por artistas do cinema e escritores.
Atualmente, o grupo de túneis é reconhecido como patrimônio cultural pela UNESCO, desde 2015.
Atualmente quem é o proprietário?
Atualmente, a Maison Ruinart pertence ao grupo LVMH, que é comandado por Louis Vuitton e Moët Hennessy. Apesar de pertencer a um grupo grande, a empresa não é tão badalada como outras companhias, é uma marca mais discreta, mas sem perder sua importância e sua elegância.
Como podemos visitar este famoso local?
Para conhecer esse local que praticamente carrega a história do Champagne em Reims, é preciso fazer uma reserva, com antecedência, pela internet.
As visitas normalmente acontecem entre março e novembro, de terça a sábado.
Essas visitas são guiadas e normalmente são feitas em inglês ou francês – um bom momento para você treinar seu idioma. Mas caso não queira, você pode mandar um email pedindo por um guia que fale português.
O primeiro passo dessa visitação é com o profissional contando toda a história da Maison Ruinart, do início até os dias atuais.
Vamos conferir o interior da Maison Ruinart?
Após essa parte histórica, começa a visita em si, onde os visitantes são levados para o primeiro nível de túneis da empresa, onde você poderá ver algumas garrafas de champanhe envelhecendo, além de máquinas que são usadas no processo de fabricação da bebida.
Depois disso, a visita segue para a parte mais funda da propriedade, às cavernas a 40 metros de profundidade. Para se ter ideia, esse local tem a mesma altura da Catedral de Notre Dame de Reims, ou seja, é fundo de verdade.
A visitação se encerra com uma degustação de uma taça de champanhe, que pode ser um rosé ou um branco dos brancos – Blanc de Blancs. O legal de você ir acompanhada é que cada um pode pedir um tipo diferente de bebida, e assim você prova os dois.
Por fim, essa degustação é seguida de uma visita a loja da Maison, onde você pode trazer alguns rótulos para casa.
Parada obrigatório, é claro. Melhor souvenir que este não tem.
Como reservar um almoço ou jantar?
Pelo próprio site da empresa, o almoço ou jantar pode ser reservado para grupos de oito a doze pessoas.
Com relação ao preço, tudo depende da cotação do euro, do menu, acompanhamento e do chefe que vai servir a refeição, mas o preço gira em torno de 350 euros.
Uma coisa legal desse jantar é que ele foi criado por uma personagem, feita pela artista japonesa Kanaka Kuno, a Petit R, que conta a história da Maison Ruinart por meio da gastronomia.
Um momento bem interessante que é finalizado com a boneca abrindo uma garrafa de champanhe, que também é aberta no “mundo real” e servida aos visitantes.
Qual é o perfil e o processo de produção da empresa?
O perfil dos espumantes da Maison Ruinart é elegante, puro e fresco. A ideia principal da companhia é criar champanhes fora do perfil tradicional, ou seja, aqueles produzidos com leveduras em autólise – easty -, ou oxidativos.
O foco da companhia é produzir um vinho que fique mais próximo do sabor da fruta, preservando e potencializando toda a riqueza e frescor aromático que a uva traz para a bebida de forma natural.
Para poder alcançar esse perfil, não existe nenhum segredo mirabolante. Na verdade, o ponto principal é evitar que o champanhe entre em contato com o oxigênio em qualquer fase da produção. Para isso, a companhia utiliza gás inerte para evitar este elemento.
Além disso, o vinho base é sempre fermentado em inox ao invés de barricas de carvalho, como é de costume.
Por fim, a Maison Ruinart também evita uma fermentação muito longa. Como se sabe, quanto mais lento for esse processo, mais oxidativo será a bebida, e o objetivo é justamente o contrário disso.
Quais são os melhores champanhes Ruinart?
1. Ruinart de Ruinart
Feito com uvas brancas, o Ruinart de Ruinart é produzido com castas Pinot Noir, Pinot Meunier e Chardonnay.
O aroma principal é de frutas limpas e maduras, principalmente de maçã amarela e pera, acompanhada de notas de amêndoas e ameixa branca.
Tem um mousse bem delicado e uma boa acidez, que faz a bebida ser bem cremosa no paladar.
Com relação ao valor, vai depender muito da safra escolhida, mas uma garrafa custa a partir de R$1.000,00.
2. Ruinart Rosé
Com o Ruinart você vai se deparar com um champanhe de cor bem intensa e uma tonalidade salmão.
Complexo, ele chega com um perfil bem frutado no nariz, com aromas de tangerina doce, morango, romã e figos frescos, com um toque floral de oleandro, além de notas de especiarias como pimenta rosa.
No paladar também traz um sabor de fruta, principalmente framboesa.
O rótulo gira em torno de R$850,00.
3. Blanc de Blancs
Com uvas Chardonnay, esta versão traz todo o brilho dessa uva.
Ele tem um aroma de frutas tropicais, como manga, pera, cardamomo e casca de limão que se junta a notas florais e de brioche.
No paladar é fino, mas cremoso.
Uma garrafa possui o custo de aproximadamente R$550,00.
4. Dom Ruinart Blanc de Blancs
O Dom Ruinart blanc de Blancs também é feito com uvas Chardonnay, que passam por uma estágio de 10 meses dentro da garrafa, diferente do citado acima.
O que acaba conferindo à bebida um aroma de frutas secas, amêndoas tostadas, além de biscoito amanteigado, brioche e especiarias, como noz moscada e baunilha.
Detém uma estrutura firme no paladar, assim como finura e uma boa efervescência.
O custa de um exemplar é de R$860,00.
Conclusão
Uma das coisas mais legais do universo do vinho é que você pode se aprofundar nesse assunto a ponto de conhecer como a sua bebida preferida é produzida, e isso é muito interessante.
Gostar de vinho e das bebidas derivadas feitas com essa fruta vai muito além de apenas degustar o líquido. Conhecer a história das companhias também faz parte desse processo, ainda mais de uma das empresas mais relevantes e importantes neste ramo.
Então, se pretende fazer uma viagem até a França, não deixe de passar por Reims. Essa cidade vai te levar de volta aonde tudo começou na história dos champanhes, e é uma experiência que com certeza vale a pena.
Referências: